Mais de 22% dos bancários estão doentes por causa do trabalho

Por Rennan Nucci

O Ministério Público do Trabalho (MPT) promoveu durante todo o mês de outubro uma ação que teve como objetivo combater o assédio moral em estabelecimentos bancários. A mobilização nacional ocorreu em diversos estados, sendo iniciativa da Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), que lançou a cartilha “Assédio moral em estabelecimentos bancários”.

Segundo Ivanilde Fidelis, diretora de Saúde do Sindicato dos Bancários de Dourados e Região (Seeb/MS), a cidade tem em torno de 800 bancários sendo que 6% deles estão afastados por motivos de saúde, e em média 16,2% estão trabalhando doentes, à base de medicamentos controlados. Ela comenta que a categoria é vítima de assédio constante, para que as todas as metas estipuladas pelas empresas sejam cumpridas; temendo perder o emprego, algumas pessoas chegam a trabalhar mesmo adoecidas.

“Na campanha salarial deste ano, os bancários conseguiram incluir na convenção coletiva, duas cláusulas para ajudar a combater o problema. A primeira proíbe o envio de mensagens pelos bancos ao celular particular dos bancários cobrando por resultados e cumprimentos de metas, e a segunda obriga os bancos a investigarem as causas de adoecimento da categoria” comentou.

Durante a campanha, o MPT realizou uma reunião em Três Lagoas contando com representantes das instituições Bradesco, Itaú, HSBC, Banco do Brasil e Cooperativa Sicredi, além do MPT. Na ocasião, por meio da cartilha da Coordigualdade, foram divulgados conceitos e exemplos que buscam esclarecer aos bancários e à sociedade em geral sobre as questões relacionadas ao assédio moral no meio ambiente de trabalho.

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), o assédio atinge 66% dos bancários de todo o país, que sofrem com depressão, estresse e alcoolismo, sendo que em alguns casos, funcionários apresentam tendência suicidas. Ivanilde ainda cita uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UNB), a qual aponta que a cada 20 dias um bancário tenta se matar.

A diretora de saúde do Seeb/MS destaca o projeto realizado pelo MPT, mas lembra que cidades como Dourados, considerada polo regional e o principal centro econômico do interior do Mato Grosso do Sul, também precisam estar incluídas nessas ações. “Eventos como este do MPT são de suma importância para buscar soluções para esse problema, melhorando as condições de trabalho e consequentemente a qualidade vida”, disse.

Assédio

Segundo nota divulgada pelo MPT, a estrutura hierarquizada e a burocracia, bem como a pressão por produtividade, entre outros fatores, tornam o ambiente bancário mais propício à prática de assédio definido como conduta abusiva praticada de forma repetitiva, com o intuito de ferir a integridade, seja ela física ou moral, do trabalhador. Ivanilde relata que para a Grande Dourados, uma saída seria o aumento no número de funcionários.

“Os bancos demitem muito e contratam pouco. Por isso, o trabalhador fica sobrecarregado porque tem que desempenhar inúmeras funções, e assim, acaba adoecendo. Se houvesse mais bancários, o cenário poderia ser diferente”, completou.

Jornal "A Crítica"

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