Funcionários são submetidos a regime de semiescravidão

Por Monique Garcez e Raquel Almeida - Infonet

Assédio moral, problemas de saúde, não pagamento de horas extras e péssimas condições de trabalho. Esses são alguns dos problemas enfrentados pelos funcionários da empresa Vulcabrás Azaleia, segundo denuncia Giseldo Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Têxtil de Sergipe (Sinditêxtil).

“A Azaleia submete os trabalhadores a regime de semiescravidão. Eles adoecem precocemente, trabalham uma quantidade absurda de horas extras e sofrem assédio moral. Ainda há muitos funcionários com distúrbios psicológicos devido às condições as quais são submetidos”, revela Giseldo.

Afirmando que cerca de 200 ou 300 pessoas, dos quatro mil funcionários que existem na empresa, estejam afastados por conta de lesões como LER-DORT, o presidente do sindicato ainda destaca que, além de haver ocasiões em que os trabalhadores passam cinco horas sem fazer necessidades fisiológicas e sem beber água, os funcionários ainda são submetidos a temperaturas absurdas por conta do maquinário.

Diariamente exposto a essas condições, o trabalhador Francisco Pinto, lotado na empresa de Carira, ressalta que não existe pagamento de insalubridade e hora extra. “Tem gente que chega a trabalhar até por 12 horas extras”, acrescenta.

Francisco conta que trabalha misturando produtos químicos e que há mais de seis meses retiraram o pagamento da periculosidade. “Tem um chefe chamado José Oraci Flores que grita no ouvido”, desabafa. Sobre isso, Giseldo comenta que já fez diversas denuncias contra Oraci. “Ele faz constrangimentos na frente de todo o mundo”, declara o presidente do sindicato.

Outra denúncia do sindicato é que não existe atendimento médico dentro da empresa, e que se um funcionário recorrer aos postos de saúde dos municípios onde existem estabelecimentos da Azaleia (Carira, Frei Paulo, Ribeirópolis e Lagarto), ele não é atendido. “Os postos de saúde não atendem aos trabalhadores a pedido da Azaleia. Quando atendem, não fornecem atestado médico, mesmo que a pessoa esteja à beira de um infarto”, explica.

MPT

Ao longo dos anos, a Azaleia já foi incluída em cinco inquéritos civis, tramitados no MPT. Ela já se recusou a firmar Termo de Ajuste de Conduta (TAC) e de resolver os problemas destacados na investigação do órgão.

Motivada não só pelas denuncias do sindicato, a 3ª Vara do Trabalhador de Aracaju determinou que a Azaleia cumpra várias obrigações relacionadas à proteção da saúde e segurança do trabalhador. Além desta determinação, o Ministério Público do Trabalho (MPT) requereu o pagamento de R$ 5 milhões em reparação a dano moral coletivo.

Azaleia

Informado sobre as denúncias feitas pelo Sinditêxtil e pelo funcionário do estabelecimento de Carira, o gerente de Recursos Humanos (RH) da fábrica de Frei Paulo, márcio, relatou que o Sinditêxtil não representa mais os trabalhadores dos setores de calçados e têxtil dos quatro municípios onde a empresa possui estabelecimentos. Ele conta que o Sindicato dos Trabalhadores das áreas de calçados, diação e tecelagem (Sindcafit) tomou à frente desde o início do ano passado e que o Ministério do Trabalho foi o órgão que aprovou esta decisão. A respeito das denúncias, o gerente afirmou que ia entrar em contato com a direção da Azaleia, e que depois responderia aos questionamentos do Portal Infonet. Nossa equipe tentou entrar em contato novamente com ele, porém não obteve êxito. Continuamos à disposição no telefone (79) 2106-8000 ou pelo e-mail jornalismo@infonet.com.br.

Sobre o fato de não responder mais pelas categorias, o presidente do Sinditêxtil afirma que as denúncias feitas aos órgãos competentes partiram do sindicato do qual participa, e que o caso da representatividade dos trabalhadores está sob júdice e ainda não foi julgado. "A fábrica forjou a criação de um sindicato, e na época o ministro do Trabalho, além de ser do PDT, era ligado a força sindical. Ele regularizou o outro sindicato mesmo com este apresentando irregularidades", comenta, acrescentando que este sindicato é conivente com as problemáticas da empresa.

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