Bipolaridade: da euforia à depressão

Confira uma reportagem especial sobre o transtorno de humor que atinge pelo menos 10% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)

Por Natany Borges

Estudar em cinco cursos de graduação, inventar novas rotinas de trabalho, viver incessantemente em busca de novidades. Estas foram algumas das situações com as quais, Bárbara Oliveira* conviveu durante a adolescência até chegar à vida adulta. A funcionária pública de 37 anos tem bipolaridade, uma doença caracterizada pela alteração do humor.

A constante irritação aliada às extremas atitudes foram parceiras de Bárbara antes e após identificar o distúrbio. Segundo ela, a ansiedade, ainda aos 15 anos, fez com que procurasse ajuda para tratar os sintomas. No entanto, em decorrência da doença ser genética, a patologia não era desconhecida para a família de Bárbara. Sua tia e seu pai também enfrentavam o problema.

Apesar de o indivíduo nascer com a propensão de expressar os sintomas, os fatores externos cumprem um papel importante como gatilho para o desencadeamento do transtorno. De acordo com o psiquiatra Alex Terra, o ambiente em que se vive e a maneira como as situações são encaradas também influenciam. “O humor é um componente importante na nossa vida porque regula a maneira como reagimos às circunstâncias. Porém, na bipolaridade, as pessoas têm dificuldade para regular o humor, então, a pessoa vai para extremos. Nos momentos difíceis de estresse vai para a tristeza ou raiva, e em momentos positivos, vai para extremos de muita alegria”, explica.

Esse tipo de reação relatada por Terra aparece através da chamada hipomania. Exemplos como os de Bárbara, que chegou a acumular dívidas por comprar desenfreadamente, explicam as passagens. “Quando eu estava em um momento de mania, nada do que o outro falava me atingia. Me sentia a pessoa mais sensacional do mundo e também mais sedutora. Achava que merecia tudo, por isso eu comprava muito”, relata.

Por este motivo, segundo Terra, para um bipolar é difícil se desvincular destas vontades. Mesmo sabendo que estava em crise, muitas vezes, a funcionária pública preferiu encarar por mais tempo determinada situação, para então procurar auxílio médico.

Em compensação, não são apenas os “bons” momentos que a doença proporciona. A bipolaridade também se manifesta através de quadros de depressão. “Teve circunstâncias em que me afastei do mundo. Trancava-me no meu apartamento e saía dias depois. Além disso, ficava extremamente agressiva”.

Os sintomas de Bárbara começaram a ser amenizados quando, em tratamento psiquiátrico, começou a tomar anti-depressivo e regulador de humor. Dependendo do caso, de acordo com Terra, uma parte importante do tratamento também é a psicoterapia.

“Autoconhecimento é um fator que favorece o equilíbrio emocional, então quando o paciente faz este tratamento, ele faz as leituras de suas emoções com mais agilidade podendo intervir nas atitudes”. Hábitos como alimentação saudável e atividades físicas também protegem o bipolar e evitam que a doença possa vir a se expressar.

GAZ

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