Pesquisa estuda assédio moral e violência no trabalho em jovens aprendizes

Por Rosiane Siqueira

São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa de dissertação de mestrado desenvolvida na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, pela psicóloga e mestre Samantha Lemos Turte, estudou características e estratégias de enfrentamento de adolescentes aprendizes diante de casos de violência psicológica no trabalho e assédio moral, visando Investigar e discutir as experiências relatadas acerca de situações abusivas.
 
O estudo, realizado com 40 adolescentes em fase inicial de inserção no mercado de trabalho, atestou como formas mais comuns de violência psicológica no trabalho o desrespeito, a humilhação, situações de abuso de poder, constrangimentos e abuso sexual. Segundo Samantha, tais ocorrências podem provir de colegas de trabalho, em níveis hierárquicos superiores ou semelhantes.
 
A dissertação identifica dois tipos de violência: visível e invisível. No primeiro caso, a identificação é real, como a própria violência física e o abuso sexual. Já no segundo tipo atestado, além da dificuldade em percebê-la nitidamente, prová-la é um dos obstáculos encontrados pelos jovens. Tais violências podem gerar abalos emocionais e, se frequentes, consequências mais graves, como psicopatologias recorrentes nos adolescentes, por exemplo, a depressão e os transtornos de ansiedade.
 
Os jovens foram entrevistados de forma individual e coletiva. Samantha atesta que não há diferença entre mulheres e homens. Como fatores mais determinantes estavam suas personalidades e formas como encaram a sociedade e o trabalho. A pesquisadora também defende que aqueles que já conheciam leis e direitos trabalhistas demonstravam maior facilidade na hora de contornar uma situação delicada no ambiente profissional.
 
Durante as atividades coletivas, foi percebido um maior desconforto em comentar em público tais ocorrências. Assédio sexual foi o tema que mais gerou constrangimento, tanto por parte do relator como por parte dos ouvintes, ao perceber que situações como essa acontecem de forma inapropriada.
 
O assédio moral é extremamente nocivo ao jovem trabalhador. Entre suas características estão a repetitividade, a sistematicidade e a intencionalidade em prejudicar ou desestimular a vítima. Tal ação traz consequências para a vida profissional do adolescente, podendo acarretar problemas em seu futuro na sociedade.
 
Já a violência psicológica traz uma abrangência maior, incluindo também as brincadeiras e agressões verbais, não necessariamente associadas à intenção do agressor. Apesar da não-intencionalidade, o constrangimento acaba por minar a confiança do jovem. Em situações assim, sua identificação se torna ainda mais complexa.
 
Ao ser questionada, Samantha Lemos acredita que a imagem do aprendiz contribui para isso. “Nossa sociedade ainda está muito estruturada na hierarquia, acreditando que aqueles em níveis mais baixos podem sofrer qualquer coisa.” No entanto, a pesquisadora defende que não é apenas esse fator que determina o desrespeito. Segundo ela, a agressão psicológica pode acontecer em níveis semelhantes ou de forma ascendente, em casos de insubordinação.
 
Além da informação sobre direitos trabalhistas aos jovens trabalhadores, a conscientização sobre atitudes, brincadeiras e desrespeito no ambiente de trabalho é essencial para evitar consequências no âmbito da saúde mental. Além disso, Samantha defende que o diálogo é o melhor caminho para aliviar abalos emocionais. Seja com profissionais da área dentro da empresa ou apenas com familiares, amigos e pessoas próximas. Sentimentos retraídos se potencializam de forma prejudicial à saúde e um bom canal de comunicação pode resolver problemas de relacionamentos profissionais.
 
Fonte: Faculdade de Saúde Pública - USP

Comentários

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