Docente acusa administração de campus da UFMS de assédio moral

A professora Waleska Mendoza entrou com denúncia de assédio moral contra a direção do campus do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CPAN/UFMS), localizado em Corumbá (cidade distante 417 quilômetros a noroeste de Campo Grande). A ação foi protocolada no dia 10 de agosto no Ministério Público do Trabalho naquele município.

“Precisamos denunciar os terroristas psicológicos, na maioria, superiores hierárquicos ou mesmo colegas de trabalho que promovem o assédio moral, sem qualquer sanção, muitas vezes por falta de coragem moral das vítimas para denunciá-los”, conta, via e-mail, ao Capital News.

Segundo Waleska, durante mais de um ano ela foi vítima de assédio moral na UFMS. “E agora decidi denunciar e tornar público os bastidores terroristas do CPAN/UFMS.”

O atual diretor do CPAN é o doutor em Psicologia Wilson Ferreira de Melo. O Capital News entrou em contato com o professor. Uma mulher chamada Elizabete nos atendeu prontamente com educação. Disse para aguardarmos na linha pois o professor conversava com outra docente naquele instante. Esperamos por cerca de 5 minutos.

Assim que o diretor atendeu à ligação, o repórter se apresentou novamente. Wilson disse que ainda não estava sabendo disso e que ficou ciente a partir do momento da ligação. Indagamos se havia alguma celeuma com Waleska. Wilson foi tácito: “Eu não vou me manifestar. Eu não quero falar nada e nem ouvir nada.” Depois, desligou o telefone de forma abrupta deixando o repórter sem explicações.

Para ela, “as sanções administrativas, civis e penais previstas para o assediador precisam de ampla divulgação da mídia a fim de estimular os assediado à ação imediata pois, o direito não socorre os que dormem".

Tudo começou, segundo Waleska, quando ela sugeriu inovações nos sistema de ensino da universidade. “Se você estivesse dirigindo um campus universitário e eu apresentasse uma sugestão inovadora ao MEC [Ministério da Educação] e à UFMS de criação de pasta digital para todos os acadêmicos, a fim de por fim a fotocópia e impressão de documentos acadêmicos, que seriam digitalizados e mantidos no arquivo morto digital (base de dados), facilitando o trânsito entre setores da universidade e a transferência para outras IES [Instituições de Esnino Superior], o que você faria face a sugestão? Instauraria um processo de sindicância para apurar a minha responsabilidade? Foi exatamente isso que aconteceu no CPAN/UFMS, e a outra sindicância destinava-se a apurar fatos que ocorreram quando eu estava de férias e nos quais não tive nenhuma participação. Incrível, não?”

Waleska cita alguns números que apurou durante a formulação da denuncia. Pesquisas sobre assédio moral no Brasil começam a ser feitas. Tese de mestrado de Margarida Barreto (pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP), apurou que 36% da população brasileira economicamente ativa sofre desse tipo de violência. Em outra pesquisa mais recente (do livro Assédio Moral e seus Efeitos Jurídicos, de Cláudio Armando Couce de Menezes), um total de 4.718 profissionais ouvidos, 68% deles afirmaram sofrer humilhações várias vezes. E a maioria (66%) afirmou que já foi intimidada por seus superiores.

Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

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